os olhos pequenos e perdidos acompanhando o desenho que água faz no vidro da janela.Não me importo em estar assim despojada, só quero me sentir o máximo bem que puder, embora seja improvável isso acontecer em uma noite de sexta, quando o fim de semana chega e você não tem ninguém. Ninguém que vá te abraçar enquanto a chuva cai lá fora. Ninguém que vá acalmar a tempestade que acontece dentro de você. Ninguém que vá te dar a mão quando você tem tanto receio de estar sozinha. Ninguém que ficaria ali, de graça, deitado ao teu lado escutando os trovões. Por um instante você pensa que isso é tão triste, que isso pode ser tão miserável e o amor parece ser uma esmola que você pede em troca de um sorriso, por mais falso que isso pareça. Frágil, o barulho da chuva viola o silêncio do pensamento, da lembrança, da doce ignorância em planejar o futuro. Você tem medo, porque você vê que tem tanta lágrima por dentro, escondida, calada, tímida e um dia chuvoso e frio é tão pouco comparado a tudo que você esconde atrás de um rosto discretamente limpo e doce.
(Cáh Morandi)
sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"E de novo então me vens e me chegas e me invades e me tomas e me pedes e me perdes e te derramas sobre mim com teus olhos sempre fugitivos e abres a boca para libertar novas histórias e outra vez me completo assim, sem urgências, e me concentro inteiro nas coisas que me contas, e assim calado, e assim submisso, te mastigo dentro de mim enquanto me apunhalas com lenta delicadeza deixando claro em cada promessa que jamais será cumprida."
"...Selecionei as neuroses mais comuns
e que podem nos levar além da fronteira convencionada:
necessidade neurótica de agradar os outros.
Necessidade neurótica de poder.
Necessidade neurótica de explorar os outros.
Necessidade neurótica de realização pessoal.
Necessidade neurótica de despertar piedade.
Necessidade neurótica de perfeição e inatacabilidade.
Necessidade neurótica de um parceiro
que se encarregue da sua vida –
Ô! Deus – mas desta última necessidade
só escapam mesmo os santos.
E algumas feministas radicais...."
(Lygia Fagundes Telles)
e que podem nos levar além da fronteira convencionada:
necessidade neurótica de agradar os outros.
Necessidade neurótica de poder.
Necessidade neurótica de explorar os outros.
Necessidade neurótica de realização pessoal.
Necessidade neurótica de despertar piedade.
Necessidade neurótica de perfeição e inatacabilidade.
Necessidade neurótica de um parceiro
que se encarregue da sua vida –
Ô! Deus – mas desta última necessidade
só escapam mesmo os santos.
E algumas feministas radicais...."
(Lygia Fagundes Telles)
"Seguir um impulso é muito fácil. Ao mesmo tempo é difícil, por que toda escolha do coração é um risco, é uma aposta, é um jogo. Quando faz uma escolha, a gente está jogando no vermelho, está jogando no preto...E a gente só vai saber se a coisa deu certo ou não, depois de jogar, depois de obedecer o impulso, depois de apostar no desejo." (Lygia Fagundes Telles)
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
O bar tá legal não saio daqui
No fim de semana pra me divertir
Quando você quiser me encontrar, vai conseguir
Eu nunca vi um anjo assim tão perto
Não vai embora, fique um pouco mais
Vem que a noite é uma criança
Que a gente fala e dança
Só nós dois. Não, não vá dormir tão cedo
Que eu tenho tanto medo de acordar
E não te ver nunca mais ♪
No fim de semana pra me divertir
Quando você quiser me encontrar, vai conseguir
Eu nunca vi um anjo assim tão perto
Não vai embora, fique um pouco mais
Vem que a noite é uma criança
Que a gente fala e dança
Só nós dois. Não, não vá dormir tão cedo
Que eu tenho tanto medo de acordar
E não te ver nunca mais ♪
Você não acredita, mas seu sorriso abre chances de mais um milhão de milagres para mim. Você me salva de um mundo comum. Você me dá um novo mundo quando acorda de manhã. Você quando sai pela rua, parece que vai pintando tudo de azul, você traz o céu para as pessoas. Você parece que lê um poema de Neruda ao decifrar um cardápio num restaurante de esquina. Você é tão doce quando está no seu auge para ser amargo.Você dá para todas as coisas a chance de serem mais serenas e intensas. Nada conseguirá ser menos radiante depois da tua presença. Por causa de você tudo que existe é um milagre. Você entende agora? Você entende por que eu acredito em milagres? você existe.
.
.
(Cáh Morandi)
.
.
(Cáh Morandi)
Fico calada quando de longe observo você conquistar a todos com essa simpatia, sua característica mais marcante – depois do seu sorriso, é claro. Mas permaneço quieta e com cautela, analiso a minha discreta cena de ciúmes. É raro eu tomar cuidado com a intensidade da emoção para não demonstrar isso quando te olho. Não tenho medo do que possa acontecer. Apesar da minha ousadia, existe um grande, o maior obstáculo para irmos adiante: você mesmo. Você tem sido a maior dificuldade no nosso caminho. E é com enorme esforço que digo: te espero.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009

''Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, até mesmo um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura.
Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer?
Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará.
Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia.
Resolvi andar.”

"Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo"
terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Ela afundou o corpo nele o mais que pôde, como se assim pudesse aprisionar um instante, como se assim pudesse aprisionar o amor. E ele, querendo as respostas que a vida não lhe entrega e que só uma mulher é capaz de abrigar dentro de si, puxou os seus quadris com a ânsia de escorregar para dentro dela e ali ficar. Só uma fêmea é capaz de dividir-se assim ao meio: a metade de baixo a sobrepor-se forte, desfalecendo as resistências do macho e a de cima a ampará-lo doce, beijando e acarinhando os medos de um filhote."
Rita Apoena
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
"Eu sou uma pequena voz em meio a tantas pessoas que sofrem. Deus, eu sei, eu sei, são tantos e maiores os sofrimentos mas, por favor, não deixe de me dar força, me dar força para que pelo menos, ainda que pequena e com vontade de queimar, eu continue ao menos acendendo o meu fogo e fazendo parte da expectativa."
Tati Bernardi
Tati Bernardi
Eu sempre estive pronta
fosse qual fosse a hora
fosse qual fosse o dia;
nunca duvidei,nunca tremi
diante a face do inesperado;
foram queimaduras ao sol
foram mergulhos em tempestades;
eu respirava fundo a coragem,
eu mantive intocável a fé;
eu resisti ao mal dos olhares
apesar dos imensos pesares
eu sempre fui o melhor de mim.
Cáh Morandi
fosse qual fosse a hora
fosse qual fosse o dia;
nunca duvidei,nunca tremi
diante a face do inesperado;
foram queimaduras ao sol
foram mergulhos em tempestades;
eu respirava fundo a coragem,
eu mantive intocável a fé;
eu resisti ao mal dos olhares
apesar dos imensos pesares
eu sempre fui o melhor de mim.
Cáh Morandi
domingo, 25 de outubro de 2009
sábado, 24 de outubro de 2009
Uma pessoa, quando tá longe, vive coisas que não te comunica, e tu, aqui, vive coisas que não a comunica. Então, vocês vão se distanciando e, quando vocês se encontrarem, vocês vão se falar assim: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E aí ele vai te falar, por cima, de tudo que ele viveu, e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam, elas estão irremediavelmente perdidas uma da outra.
Caio F. Abreu
Caio F. Abreu

[foto do filme " e se fosse verdade?"]
"Nós vamos mais uma vez nos olhar querendo transar até amanhã, mas vamos apenas assistir à novela e tentar adivinhar as falas. Nós vamos mais uma vez querer atravessar as ruas de mãos dadas, mas vamos brincar de dar ombradas um no outro. Eu prefiro morrer sua amiga do que quebrar algum elo misterioso e te perder para sempre. Te perder como sempre."
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
o que virá para mim
amanhã, também não sei
depois de tanta loucura,
tantas fugas, precipitações,
depois de tanto amor,
tanta doçura, explosão
o que virá, virá
se ficar, que não seja em vão
que não seja mais um erro
que não seja mero atraso
embora tudo que venha fique
nem que se modifique,
que ao vir logo vire
recordação
(Cáh Morandi)
amanhã, também não sei
depois de tanta loucura,
tantas fugas, precipitações,
depois de tanto amor,
tanta doçura, explosão
o que virá, virá
se ficar, que não seja em vão
que não seja mais um erro
que não seja mero atraso
embora tudo que venha fique
nem que se modifique,
que ao vir logo vire
recordação
(Cáh Morandi)
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009

"Porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é não querer tomar banho depois. O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois. O quão sagrado é ver pureza em tudo o que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo."
Tati Bernardi
/
eu adoro o jeito que me olha e me faz esquecer que amanhã tudo volta a ser normal
eu vou pra minha casa e te deixo pra outras fazerem o que eu queria ter a vida inteira.
mulheres são idiotas, colocam coração no que é apenas sexo.
Mas sabe, é dificil aceitar a solidão. Talvez você não saiba porquê, pois sempre que precisou eu estive ao seu lado, eu nunca fingi ser só mais um apaixonado. E se um dia eu pedi demais, foi o teu abraço que eu pedi demais, mais desse sorriso que me trazia paz. Todas as velhas coisas que eu sempre amei ♪

Parece ser egoismo querer você assim só pra mim.
Não posso estar ao seu lado hoje, e não sei se estarei amanhã,
a distância pode atrapalhar algumas coisas sim.
Mas eu sei que por mais longe que eu esteja do seu abraço,
quando penso em você te sinto aqui do meu lado.
Nunca senti seu cheiro, ou seu calor.. e morro de inveja de quem pode ter essa sorte.
Tenho um sério problema em não aceitar, em esquecer. Sei que nunca vou aceitar não ter você todos os dias, e não vou esquecer nenhum palavra que trocamos.
Ganhei um coração, uma chave, desenhos, e devolvi não tanto quanto você merecia.
Hoje eu só quero que você seja feliz não quero atrapalhar sua vida
não quero saber que você se sente mal com alguma coisa que esteja relacionada comigo
não irei me perdoar em saber que um dia te deixei com o coração partido.
Me desculpe se as vezes sou indiferente, não sei lidar com essa falta
e com esse ciume um pouco idiota. Porquê não estou ao seu lado nas fotos?
Por queê?
" Por que querer está tão longe de poder, e quem eu quero está tão longe.. longe de mim "

Não sei quando comecei. Não lembro totalmente (ultimamente minha memória resolveu que é ruim)
Mas agora todos os dias antes de dormir preciso de um.
Às vezes eu acho que é um tipo de deathwish, sabe? Dizem que cada cigarro que você fuma, cinco minutos a menos você tem pra viver. Devo ter completado algumas horas, já.
Velho, eu sou muito covarde.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009

À raça dos desassossegados pertencemos todos, negros e brancos, ricos e pobres, jovens e velhos, desde que tenhamos como característica desta raça comum, a inquietação que nos torna insuportavelmente exigentes com a gente mesmo e a ambição de vencer não os jogos, mas o tempo, este adversário implacável.
Desassossegados do mundo correm atrás da felicidade possível, e uma vez alcançado seu quinhão, não sossegam: saem atrás da felicidade improvável, aquela que se promete constante, aquela que ninguém nunca viu, e por isso sua raridade.
Desassossegados amam com atropelo, cultivam fantasias irreais de amores sublimes, fartos e eternos, são sabidamente apressados, cheios de ânsias e desejos, amam muito mais do que necessitam e recebem menos amor do que planejavam.
Desassossegados pensam acordados e dormindo, pensam falando e escutando, pensam ao concordar e, quando discordam, pensam que pensam melhor, e pensam com clareza uns dias e com a mente turva em outros, e pensam tanto que pensam que descansam.
(..) Desassossegados têm insônia e são gentis, lhes incomodam as verdades imutáveis, riem quando bebem, não enjoam, mas ficam tontos com tanta idéia solta, com tamanha esquizofrenia, não se acomodam em rede, leito, lamentam a falta que faz uma paz inconsciente. Desta raça somos todos, eu sou, só sossego quando me aceito.”
Martha Medeiros
domingo, 18 de outubro de 2009

"e as lágrimas não secaram com o sol que fez [...] espero que o tempo passe, espero que a semana acabe"
(Nando Reis)
Mesmo que você não venha, eu vou te esperar. Mesmo que você não ligue, eu vou ouvir o telefone tocar. Mesmo que você não aprecie, é por você que eu vou me arrumar. Mesmo que você não lembre, eu não vou te esquecer. Mesmo que a Lua não apareça, eu vou olhar para ela pensando em você. Mesmo que não tenha mar, eu vou perguntar para onde aquela onda te levou. Mesmo que não tenha vento, eu vou pedir à brisa que te traga. Mesmo que você não precise, eu vou querer ser necessário. Mesmo que eu não saiba a letra, eu vou cantar para você. Mesmo que você não passe, eu vou continuar olhando. Mesmo que você não ouça, eu vou continuar te chamando. Mesmo que eu não queira o seu apelido, eu vou querer ter seu nome completo. Mesmo que eu já saiba o final, eu vou rever aquele filme. Mesmo que eu não saiba os passos, eu vou refazer os seus caminhos. Mesmo que eu me deite só, é em você que eu vou pensar antes de dormir. Mesmo que o perfume acabe, eu ainda vou sentir seu cheiro. Mesmo que as cores sumam, ainda será tudo colorido quando eu me lembrar do que há de bom em você. Mesmo que eu me canse, eu vou te procurar pela cidade. Mesmo que eu não te encontre, eu ainda vou te levar comigo. Mesmo que você não creia em Deus, eu vou ajoelhar e pedir a Ele que te proteja. Mesmo que você não saiba, mesmo que você não leia, mesmo que você apague, mesmo que você desista, mesmo que nada dê certo e eu descubra um novo sonho. Ainda assim, eu vou querer sonhar com você outra vez. Mesmo que, ainda que, embora, contudo, sobretudo, por tudo, será sempre você e mais ninguém.
"Desde então rejeito qualquer um que aparece em minha vida, porque ninguém tem o bom senso de ao menos se parecer com ele"
(Ao entardecer - 2008)
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
"Não precisa mais gostar de mim / Só não quero que me de motivo pra gostar de você / Talvez eu seja mesmo assim / Eu quero tudo que não tenho e fico sempre esperando o que eu não vou ter.
Quem sabe eu inventei você / Do jeito que eu achei melhor /Mas esqueci que era vida real / Não tinha crédito final"
Quem sabe eu inventei você / Do jeito que eu achei melhor /Mas esqueci que era vida real / Não tinha crédito final"
"Tá limpo. Sem ironia. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu." (Caio F.)
quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Acho que durante toda minha vida, estive a espera de alguma coisa.
No ponto de onibus. Ao virar a esquina. Ao andar pela rua.
Sempre estive à espera de um dia melhor.
De um novo sentimento.
De alguém que pudesse mudar minha vida.
Às vezes é complicado viver desse modo,
mas isso sempre foi inevitavel para mim.
Tanto que passei a me acostumar.
Já esperei para que um dia chegasse.
Para que uma noite não terminasse.
Para que algo passasse.
Fiquei esperando por um pedido.
Por uma frase que não foi dita.
Por um sonho incapaz de se concretizar.
Sempre esperei que as pessoas fossem mais verdadeiras.
Pelo respeito. Pelo valor dos sentimentos.
Ansiei por uma amizade. Por um desejo.
Pela libertação do meu ser. Pela felicidade. Por um amor.
Quantas vezes vi minha vida passar?
Quantas vezes eu tentei encontrar um novo jeito de enxergar?
E agora continuo a esperando.
Sempre esperando...
Mas por quê se sentia assim?
O que tinha não era o suficiente?
E quantos desejavam ter uma vida como a dela?
Continuou andando, sem rumo, por lugares que já desconhecida. Observou as pessoas ao redor, preocupadas com sua própria existência, ambições e planos, uma sem se importar com a outra. De repente, uma dor intensa tomou conta de seu peito, olhou para os lados e percebeu que realmente ninguém a havia notado. Recostou-se num banco, da pequena praça onde acabou chegando.
Estava um pouco ofegante e completamente pálida. Quanto mais buscava, mais as respostas se distanciavam. Pensou em pedir ajuda, mas seu corpo e sua mente mantiveram-na ali, imóvel e calada. Minutos se passaram até que uma chuva fina e inconseqüente começou a cair, a menina se deu conta disso. Lentamente recuperou suas forças, movimentou-se e voltou a caminhar, deixando que o vento a levasse.
Tentou falar para si mesma, poucas palavras sem importância que acabariam com aquele ensurdecedor silencio que estava dentro dela, mas sua garganta estava seca demais. Sem conseguir dizer nada, olhou para o céu. Então se conscientizou... Todos deviam estar preocupados, mas não importava, ela estava ocupada demais na tentativa de achar seu consolo.
O que tinha não era o suficiente?
E quantos desejavam ter uma vida como a dela?
Continuou andando, sem rumo, por lugares que já desconhecida. Observou as pessoas ao redor, preocupadas com sua própria existência, ambições e planos, uma sem se importar com a outra. De repente, uma dor intensa tomou conta de seu peito, olhou para os lados e percebeu que realmente ninguém a havia notado. Recostou-se num banco, da pequena praça onde acabou chegando.
Estava um pouco ofegante e completamente pálida. Quanto mais buscava, mais as respostas se distanciavam. Pensou em pedir ajuda, mas seu corpo e sua mente mantiveram-na ali, imóvel e calada. Minutos se passaram até que uma chuva fina e inconseqüente começou a cair, a menina se deu conta disso. Lentamente recuperou suas forças, movimentou-se e voltou a caminhar, deixando que o vento a levasse.
Tentou falar para si mesma, poucas palavras sem importância que acabariam com aquele ensurdecedor silencio que estava dentro dela, mas sua garganta estava seca demais. Sem conseguir dizer nada, olhou para o céu. Então se conscientizou... Todos deviam estar preocupados, mas não importava, ela estava ocupada demais na tentativa de achar seu consolo.
terça-feira, 6 de outubro de 2009

"Não há quem não feche os olhos ao comer, não há quem não feche os olhos ao cantar a música favorita, não há quem não feche os olhos ao beijar, não há quem não feche os olhos ao abraçar. Fechamos os olhos para garantir a memória da memória. É ali que a vida entra e perdura, naquela escuridão mínima, no avesso das pálpebras. Concentramo-nos para segurar a dispersão, para segurar a barca ao calor do remo. O rosto é uma estrutura perfeita do silêncio. Os cílios se mexem como pedais da memória. Experimenta-se uma vez mais aquilo que não era possível. Viver é boiar, recordar é nadar. Escrevo na água, no vento da água. O passado sem os olhos fechados é como uma roupa enrugada. Sem corpo. Sem as folhas dos plátanos."
Trecho do texto "Não há de Quê" - Carpinejar
segunda-feira, 5 de outubro de 2009

"Todos os amores são conchas vazias,todos os corações um dia são partidos.
Mas quando a gente encontra alguém pra deitar do nosso lado
e contar estrelas com a gente,
é como se uma pérola só nossa brotasse dentro da concha
e fizesse a gente esquecer o escuro e a solidão.
Eu sei que você tem medo e eu também tenho,
mas a vida veio pra ser vivida e, se um dia roubarem a sua pérola
tenha apenas uma certeza: você não vai morrer
e quando menos esperar outra pérola nasce.
O nosso amor é burro, mas é bom.
Quem escolhe se esconder dele por segurança não se machuca,é fato,
mas também nunca conta estrelas de madrugada e nem, no final da vida,
tem um colar de lembranças para contar."
Rani Ghazzaoui
domingo, 4 de outubro de 2009

Eu cansei de não me satisfazer comigo, não me guardar pra mim. De estar sempre escorrendo, vazando pelas beiradas. De precisar de opinião alheia por ser tudo ao mesmo tempo e esperar reconhecimento por isso. É tanta coisa aqui dentro, tanta coisa que eu tento melhorar e aprender todos os dias, que eu conto toda minha vida pra quem eu acabo de conhecer e fico chateada quando não me dão o valor que eu penso merecer.(...)Não adianta chegar numa festa cheia de barulho e gente e querer conversar, achando que antes do cara sugar um pouquinho da minha alma, deve saber que eu não sou umas dessas mulheres vazias, sem uma alma para ser sugada. Tem mais que vento dentro de mim, mas isso é meu. Não faz diferença eu agir como uma pessoa superficial e querer explicar pra todo mundo que eu não sou. Sempre me arrependo de sair, ir a lugares que não têm nada a ver comigo. Mas eu tenho essa necessidade fútil de ser vista. Quando eu me escondo em casa, me sinto anulada. Preciso da opinião dos outros, de elogios. Quando alguém mostra que se lembrou de mim, adoro. Se diz que sentiu minha falta, tenho mais motivos pra sorrir. Quem precisa saber? Por que é que eu me importo com quem não me conhece?
sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"E assim sou, fútil e sensível,
capaz de impulsos violentos e absorventes,
maus e bons, nobres e vis,
mas nunca de um sentimento que subsista...
Tudo em mim é tendência
para ser a seguir outra coisa;
uma impaciência da alma consigo mesma,
como uma criança inoportuna;
um desassossego sempre crescente e sempre igual."
[Clarice Lispector]
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