domingo, 29 de novembro de 2009

E eu vou inventar uma madrugada eterna
pra quando você tiver que ir embora no dia seguinte.
E você vai inventar um domingo que vai durar pra
sempre porque tenho preguiça das segundas-feiras.

E a gente vai rir dessa maldade da demora do tempo
pra fazer essa brincadeira de desencontro:
Quase nos deixou descrentes...
A gente vai rir dessa maldade porque o nosso amor
será a coisa mais bonitinha do mundo..


Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Tô me divertindo, ué. Não é isso que mandam a gente fazer? Quando a gente chora e escreve aquele monte de poesia profunda. Quando a gente se apaixona e tudo mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda. Não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, tô só obedecendo todo mundo
Hoje o passado voltou sem pedir lincença
sentou do meu lado e eu resolvi deixar que ele continuasse aqui
não que eu tenho o deixado de lado, acho que no fundo ele sempre soube disso
quando mais jovens cometemos erros devemos ter a chance de acertar.
Eu sei que toda história tem um fim, e por isso pensei naquela palavrinha mágica
"esperança" !
A esperança de acertar meus erros e te fazer feliz como nós nunca fomos até então!

deixar partir ;~


" Eu não sei deixar ninguém partir, eu não sei escolher, excluir, deletar. São as pessoas que resolvem me deixar [...] "

' Eu nunca vou entender porque você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais. '
Meu maior medo não é morrer sozinho, ainda que morrer sozinho, sem visitas em um hospital ou sem pássaros num asilo, é tão triste quanto uma pilha de discos de vinil para vender. Meu maior medo é viver sozinho e não me acompanhar. Meu maior medo é ter um dia de aniversário por ano para lembrar de que não nasci, de que estou "apenas olhando". Meu maior medo é perder a curiosidade da solidão. Ficar com alguém para disfarçar a espera, esquecendo do egoísmo de prender esse alguém de uma nova chance. Meu maior medo é ser reconhecido por aquilo que poderia ser. Meu maior medo é dizer sim para desistir depois, dizer não para querer depois. Meu maior medo é não ser avisado pelo medo. Meu maior medo é fingir que estou bem e me contentar em afirmar "o problema não é você, sou eu" em cada fim de relacionamento. E não acreditar nisso, seguir sendo o problema dos outros para me livrar de meu problema. Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir. Meu maior medo é almoçar sozinho, jantar sozinho e me esforçar em me manter ocupado para não provocar compaixão dos garçons. Meu maior medo é ajudar as pessoas porque não sei me ajudar. Meu maior medo é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda. Meu maior medo é a necessidade de ligar a tevê enquanto tomo banho. Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento. Meu maior medo é enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho. Meu maior medo é a segunda-feira e me calar para não parecer estranho e anti-social. Meu maior medo é escavar a noite para encontrar um par e voltar mais solteiro do que antes. Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho. Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. [...] E se ela se afogar, se recupera. [...] E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça – que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca – levanta e segue em frente."

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"(...)Tanta beleza para você reparar naquela eterna insatisfeita da estética.
É, não finge que não viu. Eu percebi o tom de voz dos seus amigos.Não vem dizer que também não sentiu. Que não fez falta meu jeito desajeitado de não saber beijar"
Já fui em cardiologista pra saber se é do sopro. Em gastro pra saber se é do fígado (eu continuo insistindo que não é meu estômago que dói), em psiquiatra pra saber se é falta de alguma química, vitamina, deslocamento de massa. Já fui em benzedeira. Oftalmo pra acertar o mundo. Dentista pra encaixar meu desequilíbrio em devorar e relaxar e falar e deixar. Já fui em tantos médicos. Procurar engana o tempo e talvez seja só isso.






Tati Bernardi

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Constrange-me existir esse personagem Chico Buarque, dolorida, bonita, sendo assim, meio tonta, meio insistente, até meio chata. Nunca precisei aborrecer ninguém antes, então atuo por instinto, cansando-me facilmente. E que fique claro que não é por estar você dessa forma, tão esquivo, que o desejo tanto. Desejo-o porque desejo. Estúpida. Latina. Bethânia. Ainda creio que você, quando eu menos esperar, possa me chegar com um verso em atitude.

Vício é vício, e se você não se tratar a tempo, pode passar uma vida inteira com doze anos de idade.

"Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob’s. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes."

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Sem titulo

Lá estou eu em mais umas garrafas de vinho pela metade, risos pela metade,

fumaças desenhando algo que quase formou uma imagem, abraços estranhos

Olho pro lado e sinto uma saudade imensa, doída, desesperançada e até cínica.

Saudade de alguma coisa ou de alguém, não sei. Talvez de mim, de algum cara que eu conheci, do útero da minha mãe, do meu anjo da guarda, do meu Pai, de algum amor verdadeiro que durou um segundo, de uma cena perfeita que meu inconsciente formou na infância e que eu me encarreguei de acreditar como sendo meu futuro.
Meus amigos me adoram e talvez chorariam se eu morresse.
(...)
A cada semana sem dor que eu
pulo, pareço acumular uma vida de dor. Preciso parar, preciso esperar. Mas a solidão dói e eu sigo inventando personagens. Odeio minha fraqueza em me enganar e mais ainda a dor que vem depois dos dias entorpecidos.
Eu invento amor, sim. E dói admitir isso. Mas é que não aguento mais não dar um rosto para a minha saudade. E não aguento mais os copos, as fumaças, os amigos, as intenções e as bolinhas de guardanapo pela metade. É tudo pela metade. Ao menos a minha fantasia é por inteiro. Enquanto dura.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


Do lado direito da boca da moça, um leve vinco, como esses de quem apenas tem vontade de sorrir ou por alguma razão precisa esconder uma espécie de divertida amargura. Mas no canto esquerdo, havia apenas dureza. Ou vazio. Ou nada disso, não importa.




Caio F.

Não é nada demais, são águas passadas
Escolha uma estrada
E não olhe, não olhe pra trás

domingo, 1 de novembro de 2009

"- O senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento..."



[C. Lispector]
toda aquela coisa complicada e sublime do amor na minha cabeça, e ele vem e me dá um apertão simples e grosseiro. todos os "porquês" mal respondidos, todas as mágoas ainda latentes, e ele vem e amassa todos os peitos, alisa a barriga toda e espreme toda a cintura. tanta saudade, tanta tristeza, tanta falta e ele vem e fala baixinho, no meu ouvido, o tanto que precisa, o tanto que quer e o tanto que vai. é ele que me surpreende sem dar tempo de deixar para depois, sem dar espaço para a força da reação, sem dar som para a voz fraca da minha impossibilidade.

- Tati Bernardi